quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Parte 4. "Se o meu mundo cair...eu que aprenda a levitar..."

Foram 20 dias do telefonema, da tal fibrose, até o retorno médico.
Enquanto estava na sala de espera sentia uma coisa estranha...medo talvez. Ao mesmo tempo conversava com uma amiga pelo messenger, que havia descoberto o câncer de mama há aproximadamente 2 anos. Ela foi uma peça importante para mim neste meio de tempo, pois me explicou bastante coisa e foi me dando força nos meus momentos de duvidas. Eu disse a ela que estava ansiosa...disse a meu marido também que estava comigo, e ele, na sua racionalidade masculina, me dizia: Porque nervosa, se já sabe que o exame deu negativo??
Pois é, mulher tem um sexto sentido fdp...rsrsrs...eu sabia que não estava nervosa à toa, e então, ao entrar, meu médico me disse o seguinte:
"Sua biópsia deu negativa, mas, nos meus 20 anos de experiencia e pela imagem da sua mamografia, para mim você tem um carcinoma in situ!"
Sendo assim, ele pediu outro exame, pois a biopsia poderia não ter atingido o local certo. Dessa vez a indicação foi de mamotomia (um tipo de biópsia guiada pela mamografia, já que as imagens do meu ultrassom não eram tão claras quanto as da mamografia).
Burocracias para lá e para cá, o exame seria feito em outra cidade, e consegui marcar para dali um mês. Espera...espera...espera...
Coração apertado, cabeça cansada, curiosidade aguçada (a minha e dos outros).
Tive meus dias de fraqueza e choro sim...mas não me revoltei em momento algum. O que mais me irritava (e me irrito muito fácil, infelizmente) eram algumas pessoas querendo saber o porque de minhas lágrimas.
É dificil ser forte o tempo todo.
É dificil calar o tempo todo.
É dificil ignorar o olhar alheio.

Aqui volto ao ponto da curiosidade: Como é feio cuidar da vida dos outros né? Todo mundo tem problemas, é claro, e porque, diante de lágrimas de pessoas que você mal fala oi, você tende a querer saber o que está acontecendo?
A curiosidade as vezes é feia!!
Nem eu sabia o que estava acontecendo...nem eu!!!

Os dias passaram e finalmente chegou a hora do exame. Lá vamos nós para mais uma "dorzinha"!
Fui mais tranquila do que para a biópsia, eu já havia procurado meios para ser/estar mais calma diante disso tudo (depois conto :), e eles funcionaram...pouca dor e boa recuperação.
A cabeça estava a mil...tive uma descarga emocional e apaguei num desses dias...desmaio - horrível, sensação péssima, mas passou.

Nova espera, mais dez dias para a chegada do resultado.
E ele finalmente veio (já novembro de 2014): carcinoma In Situ Grau 3.
Liguei para o médico, e era o que ele esperava mesmo! Ele, no seu profissionalismo, me disse com toda calma do mundo:
"Lu, é o melhor câncer que poderia ter, fica tranquila, o importante é que descobrimos no início"

Existe melhor nessas horas?
Não, não existe, mas depois eu fui descobrindo que existia sim...e como!!!



"Se meu mundo cair, eu que aprenda a levitar"

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