terça-feira, 14 de abril de 2015

Parte 15. Dores e delícias

Nem todo dia é fácil, isso é fato, por mais que eu disfarce bem, tem dias que são difíceis. Hoje por exemplo, foi assim...dia chato, cheio de enjoo, mas aí, lembrei que ontem na quimio, tinha uma mulher a meu lado contanto que vomitou 16 vezes pós quimio! Affff...graças a Deus eu fico só no enjoo mesmo.
Bom, mas cada caso é um caso, e cada "chatice" é unica. Minhas reações são as mesmas toda semana: Segunda: Insônia, terça: enjoo (as vezes mais, as vezes menos!) Quarta: muita, mais muita mesmo, dor no corpo, na pele toda, em cada centímetro de mim...é o pior dia! Quinta: dor no corpo e milhões de alergias, pele empipocada, cheia de espinhas, graças a dosagem grande de corticóide, coceira no corpo todo, pelo mesmo motivo! Na sexta a vida volta ao normal (ressaltando que faço exame de sangue toda sexta, religiosamente, para ver se minhas plaquetinhas lindas estão resistindo a quimio, e elas estão sempre fortes!!!) Sábado e domigo OK! E aí já começa tudo de novo!
A vida anda assim, e então, para sair deste 'marasmo', fui buscar coisas que minimizassem as dores, físicas e psicológicas. Para as físicas, o que tem me ajudado muito, além da Terapia Prânica, que farei um post exclusivo para ela depois, tem sido a acupuntura. Ela tirou muitas dores mais fortes, principalmente as dores que inicialmente sentia nas pernas.
Para as dores psicológicas, fui fazer aula de dança do ventre!!! Isso mesmo, dança do ventre.
Nunca havia passado pela minha cabeça fazer esse tipo de aula, mas sempre que assistia a festivais de dança, me imaginava dançando, sempre achei lindo e sonhava ter o mínimo de capacidade para aquilo, pois minha vergonha e minha falta de coordenação motora sempre foram agravantes!
Bom,e aí, no meu primeiro curso de Terapia Prânica, ao relatar sobre o cancêr, umas duas pessoas me indicaram a dança do ventre, me disseram  que era o tipo de dança que transmitia uma energia muito boa e que me faria muito bem.
Aquilo ficou na minha cabeça! Em menos de um mês, uma amiga (linda) foi fazer uma aula experimental e disse que pensou muito em mim...logo em seguida enviou um link de uma reportagem sobre dança e mulheres que passaram por problemas de saúde, para que eu assistisse...e aí sim, ele mudou minha vida!
 Assistam:https://www.youtube.com/watch?v=1kSu-1srR08


Chorei loucamente ao assistir a parte da reportagem que falava sobre os benefícios da dança do ventre para mulheres que haviam passado por um câncer de mama! Segundo o vídeo, era o momento delas voltarem a se olhar no espelho como mulher!!
Forte isso, pois confesso que o olhar passa a ser mais dificil. E está sendo cada vez mais...

Toda vez que me olho, quando estou sozinha, cara a cara com a minha verdade, a visão não é a melhor, muito menos a mais feliz! É claro que estar viva é lindo...abençoado...e sou muito grata por isso, e por tudo que estou aprendendo e evoluindo, mas me olhar despida (de peito e cabelo) não é muito legal não!
Me "montar" toda vez que saio do banho as vezes é...cansativo...mas vou seguindo com as minhas dores e delícias, da maneira que me convém, tentando poupar um pouco aos que amo, com minhas verdades e minhas dores.
Mas voltando a dança, lá fui eu para a aula experimental. Fui muito bem acolhida pela minha linda professora e as alunas... e a energia recebida realmente foi maravilhosa...
É desafiador fazer o que não se sabe, mas, diante de tantos desafios que a vida tem me dado, porque não mais um?
Fiz minha matricula e fui...me permitir viver mais um desafio!
E está sendo maravilhoso, estou me descobrindo, estou me olhando, estou me superando, vendo aonde posso chegar...é claro que tenho muito a evoluir, e estou disposta a isso. pode ser que não seja uma bela dançarina da Dança do Ventre, mas estou ali, me vendo mulher! Olhando meu corpo, mesmo debilitado, me dando prazer...
Tem dias que vou na marra, pois como disse lá no início, nem todos os dias são fáceis, ainda sinto dores no braço direito devido a cirurgia, tenho dores na pele, pós quimio, e isso é muito incômodo...mas eu respiro e vou, pois ali eu esqueço de tudo e olho para mim, e como disse em outro post, tenho que me amar em primeiro, segundo e terceiro lugar!
É o meu momento, momento de ver que não sou só uma mama...tenho um corpo todo a ser amado e trabalhado...ou melhor, valorizado!!!
Aqui fica então, minha eterna gratidão as pessoas que me apresentaram essa arte, em especial a Ana Carolina Sacomano Carelli, minha 'príncipa'...que me incentivou com o vídeo maravilhoso e com a aula experimental, se não fosse ela eu não estaria lá...e é claro a linda Ale Alcantara, minha professora habiba, linda e dedicada, paciente e intensa em seu elemento água!!! Que já chorou comigo e por mim, pelas minhas superações...Gratidão minha linda, por me colocar à prova! Por me fazer acreditar mais em mim, num momento em que meu eu está tão fragilizado.
Obrigada as companheiras de aula (Marisa, Carol e Carol) pelos sorrisos, pelas conversas, pela troca intensa de energia, pelo cuidado comigo sempre.
Fazer algo por mim, algo que me dê prazer, é o meu presente para a minha vida.
Se eu não mudar, ninguém mudará por mim, pois, "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é", e eu quero é me deliciar!!!
Viva a dança! Viva la vida!
Bailando....

Um comentário:

  1. Oi Lucilaine! Que bom que descobriu a dança. Eu já dançava jazz antes de descobrir a doença e voltei assim que fui liberada. E hoje não paro por nada. Bjs

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